Obama testa limites da guerra

Ao autorizar a morte de um cidadão americano filiado à al-Qaeda, o presidente [Barack Obama] nitidamente afirmou sua disposição para usar táticas violentas e de alto risco contra inimigos declarados. O ataque de avião não tripulado contra o terrorista Anwar al-Awlaki, na sexta-feira, confere novo br...

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Published inGlobo (Rio de Janeiro, Brazil)
Main Author OGlobo
Format Newspaper Article
LanguagePortuguese
Published Rio de Janeiro Grupo de Diarios América 03.10.2011
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Summary:Ao autorizar a morte de um cidadão americano filiado à al-Qaeda, o presidente [Barack Obama] nitidamente afirmou sua disposição para usar táticas violentas e de alto risco contra inimigos declarados. O ataque de avião não tripulado contra o terrorista Anwar al-Awlaki, na sexta-feira, confere novo brilho às credenciais de segurança do presidente enquanto ele se prepara para a eleição no próximo ano, quando a força de sua liderança será indubitavelmente questionada. Realizado no norte do Iêmen, o ataque sublinha a disposição de Obama de operar fora da zona de combate definida pelos EUA como Iraque e Afeganistão no que já foi conhecido como guerra global ao terror. Obama parou de usar o termo quando assumiu o cargo, argumentando que ele exagerava a força do inimigo. Ainda assim, Obama deu um claro passo além da guerra de Bush ao terror ao matar Awlaki, que nunca foi indiciado por seus alegados atos. Um segundo cidadão americano, Samir Khan, também morreu no ataque. O Departamento de Justiça escreveu um memorando secreto autorizando a operação, após uma ampla revisão de questões legais levantadas pelo ataque, segundo funcionários do governo que falaram sob condição de anonimato. Eles dizem que nenhum dos advogados envolvidos discordou. Ex-professor de Direito Constitucional, Obama se recusou a explicar a justificativa legal para o ataque. Para um presidente que prometeu adesão mais rigorosa à lei em sua política de segurança nacional - assim como um governo mais transparente - o silêncio preocupa e gera acusações de hipocrisia. Obama emergiu de uma multidão democrata em 2008 com base, em parte, em sua oposição à guerra do Iraque. Apesar de ter prometido intensificar as operações contra a al-Qaeda se fosse eleito, ele era percebido por muitos eleitores como o candidato contra a guerra, uma imagem que reforçou com uma crítica afiada contra o regime de segurança nacional do então presidente George W. Bush. Obama chamou as políticas de interrogatório e detenção de Bush de inconsistentes com a legislação e os valores americanos. Uma pesquisa do "Washington Post"/ABC News seis meses após ele assumir o cargo mostrou que 57% dos entrevistados aprovavam a maneira como lidava com o assunto.