“LUZ PARA A RUA E ESCURIDÃO PARA DENTRO”: IMIGRAÇÃO, TRABALHO E SAÚDE MENTAL

A migração é um assunto em voga, assinala-se sua ocorrência na busca por oportunidades de trabalho. Recentemente, a migração venezuelana ao Brasil se intensificou, levando ao questionamento sobre condições laborais que estão expostos. Entende-se que a saúde mental dos sujeitos está atrelada às exper...

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Published inPretextos (Belo Horizonte) Vol. 6; no. 12
Main Authors Vanessa Ruffatto Gregoviski, Greice de Morais Ortigara, Aline Pereira Soares, Janine Kieling Monteiro
Format Journal Article
LanguageSpanish
Published Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 01.03.2022
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Summary:A migração é um assunto em voga, assinala-se sua ocorrência na busca por oportunidades de trabalho. Recentemente, a migração venezuelana ao Brasil se intensificou, levando ao questionamento sobre condições laborais que estão expostos. Entende-se que a saúde mental dos sujeitos está atrelada às experiências laborais, sendo pertinente analisá-las. Esse artigo objetivou compreender como as vivências de trabalho podem impactar na saúde mental, através de um estudo de caso qualitativo, longitudinal e exploratório, desenvolvido a partir da vivência de uma venezuelana domiciliada no Sul do país. Os encontros foram ao decorrer de dois anos, e os instrumentos foram um questionário sociodemográfico, entrevistas semiestruturadas e a construção de uma linha da vida laboral. Luz (nome fictício), 53 anos, considera-se imigrante e é pedagoga, tendo atuado como professora e empresária na Venezuela. No Brasil, recebeu a oportunidade de inserção profissional em espaços que não condiziam com sua formação e, depois de um tempo, optou por voltar a gerir seu negócio, que foi fechado em decorrência da pandemia. Para ela, o sentido do trabalho adquiria sentido financeiro, de afeto no contato com outros sujeitos, e dignificação humana. Assim, suas vivências foram fonte de prazer e sofrimento, destacando-se que após a pandemia somente experenciou sofrimentos ao se deparar em uma situação de desemprego. Como vivências de prazer surgiram o reconhecimento e satisfação, a autonomia, a afetividade e o retorno financeiro. Já como de sofrimento, a impotência, a inexperiência, o cansaço, o sentimento de inferioridade e o próprio desemprego. Para lidar com isto, Luz utilizou mecanismos de racionalização, negação, e o enfrentamento das angústias por intermédio da solidariedade e apoio. Isto causou impactos em sua saúde mental, com relatos de sintomas psíquicos e físicos. Logo, percebe-se a importância da discussão da tríada saúde mental-trabalho-migração para adequada qualificação de profissionais que atuam no cuidado a essas pessoas.   
ISSN:2448-0738