A servidão mais que voluntária: dispositivos burocráticos em instituição de saúde mental

Este trabalho propõe uma reflexão acerca de alguns efeitos do discurso burocrático num funcionamento institucional na clínica da saúde mental. Trata-se de um exercício que exige muitos caminhos a percorrer. Contudo, tentamos indicar alguns pontos deste tema de maior pertinência, uma vez que um press...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published inRevista Subjetividades Vol. 9; no. 4; pp. 1343 - 1354
Main Authors Iza Maria Abadi de Oliveira, Luciane Gheller Veronese, Claudia Maria de Sousa Palma
Format Journal Article
LanguagePortuguese
Published Universidade de Fortaleza 01.05.2016
Subjects
Online AccessGet full text

Cover

Loading…
More Information
Summary:Este trabalho propõe uma reflexão acerca de alguns efeitos do discurso burocrático num funcionamento institucional na clínica da saúde mental. Trata-se de um exercício que exige muitos caminhos a percorrer. Contudo, tentamos indicar alguns pontos deste tema de maior pertinência, uma vez que um pressuposto fundamental da ética psicanalítica é a indissociabilidade entre clínica e política. Para a sustentação deste debate, acompanharemos os estudos de Arendt (1979; 1999; 2006) e as reflexões de Lacan (1998a; 1998b;1991), pois possibilitam inferir que determinadas formas de funcionamento institucional podem conter dispositivos de perversidade, estando em causa o encobrimento do sujeito e estratégias de dominação do Outro, e permitem fazer uma aproximação entre o discurso burocrático e uma modalidade de perversidade. Quando os dispositivos institucionais são transformados em normas rígidas, prevalecendo a impessoalidade e a desautorização da construção de um saber, o paciente as obedecendo subservientemente, se encontra numa posição autônomata, cronificando seu padecimento. Uma das direções clínicas para estas formas de funcionamento pode ser o trabalho com os dejetos institucionais. Ou seja, parece ser um recurso clínico fundamental a escuta daquilo que retorna como efeito de um discurso automatizado, circunscrito na impessoalidade, podendo, assim, indicar palavras que possam estabelecer uma dimensão subjetiva.
ISSN:2359-0777