AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM LEUCEMIAS AGUDAS NO RIO GRANDE DO NORTE

Objetivos: Em enfermidades agressivas como as leucemias agudas, o reconhecimento de fatores sociais pode permitir melhor assistência e cuidado a esses pacientes. O objetivo deste trabalho é, portanto, avaliar tais variáveis e fornecer um parâmetro geral sobre os pacientes diagnosticados com leucemia...

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Published inHematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 45; p. S252
Main Authors IS Medeiros, GM Fernandes, DS Medeiros, MHF Nascimento, RDA Soares, MFLD Santos, MCFD Santos
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published Elsevier 01.10.2023
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Summary:Objetivos: Em enfermidades agressivas como as leucemias agudas, o reconhecimento de fatores sociais pode permitir melhor assistência e cuidado a esses pacientes. O objetivo deste trabalho é, portanto, avaliar tais variáveis e fornecer um parâmetro geral sobre os pacientes diagnosticados com leucemias agudas no Rio Grande do Norte. Material e métodos: Os dados desse estudo foram obtidos de uma coorte, prospectiva, de base hospitalar. Foram acompanhados pacientes em diferentes instituições do Rio Grande do Norte, públicas e privadas, a partir do seu diagnóstico, seguindo com a evolução e desfecho de seus casos entre junho de 2020 e julho de 2023. Os dados foram coletados a partir de formulários pré-estabelecidos e entrevistas, sendo a análise sociodemográfica composta por local de residência, idade, sexo, escolaridade e renda do domicílio. Para este estudo, foram analisados 94 pacientes, acompanhados neste período. Resultados: Após a análise, dos 94 pacientes, 1 foi excluído por ainda não ter seu diagnóstico concluído. Assim sendo, os 93 indivíduos analisados foram agrupados em leucemia mieloide aguda não-M3 (59 pacientes), mieloide aguda M3 (9 pacientes), linfoide B (19 pacientes), linfoide aguda T (4 pacientes), aguda de fenótipo misto (1 paciente) e outras leucemias (1 paciente). Cerca de 53,7% não residiam em Natal ou Mossoró, cidades nas quais se localizam os únicos centros de tratamento do estado. Quanto ao tratamento, 67,3% foram internados em hospitais públicos e 77,7% não possuíam convênio. A mediana de membros por família era de 3 pessoas, enquanto a renda familiar era, em 31,2% dos casos, de 1 salário mínimo, com mediana geral de 2 salários. Acerca da escolaridade, 18 pacientes tinham ensino médio incompleto e 17, ensino médio completo. Considerando os pacientes com leucemia aguda não-M3 (mais predominante no estudo), 41 faleceram e, desses, 18 (43,9%) tinham renda de até 3 salários mínimos e, normalmente, tiveram tempo superior a 1 mês entre os sintomas e o diagnóstico, chegando a 6 meses. Discussão: Observa-se uma predominância maior de indivíduos considerados de baixa renda (renda mensal per capita de salário mínimo ou renda total familiar de até 3 salários mínimos) tanto de forma geral como dentre os óbitos da leucemia mieloide não-M3. Ademais, nota-se que dependem do serviço público e tendem a possuir baixa escolaridade, o que pode refletir em maior vulnerabilidade social e dificuldade de atendimento. Parte dessas variáveis é demonstrada, por exemplo, no longo tempo necessário desde o início dos sintomas até o diagnóstico, que foi superior nos pacientes de menor condição socioeconômica, e que também pode ter relação com a distância dos centros de tratamento (Natal e Mossoró). Portanto, é provável, pelos dados, que haja prejuízo maior nos pacientes de menor condição financeira em termos de seu processo saúde-doença. Conclusão: Conclui-se, em suma, que a avaliação sociodemográfica dos pacientes analisados demonstra um predomínio das leucemias agudas em indivíduos de baixa condição socioeconômica, o que pode conferir prejuízos em diversas etapas de seu tratamento, desde o diagnóstico. É imprescindível que mais estudos sejam realizados nessa temática para orientar políticas públicas de suporte a essas famílias.
ISSN:2531-1379