Sociedade, raça e mito em as religiões no Rio e a alma encantadora das Ruas, de João do Rio

Nos livros As religiões no Rio (1905) e A alma encantadora das ruas (1908), do jornalista e cronista João do Rio (1881-1921), constróem-se hierarquias entre “raças” e classes ou grupos sociais. Estabelece-se uma oposição entre os “inferiores”, “primitivos”, “atrasados”, e os “civilizados”, entre os...

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Published inMemento Vol. 7; no. 1; p. 15
Main Author Padilha Vieira, Tiago de Holanda
Format Journal Article
LanguagePortuguese
Published 2016
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Summary:Nos livros As religiões no Rio (1905) e A alma encantadora das ruas (1908), do jornalista e cronista João do Rio (1881-1921), constróem-se hierarquias entre “raças” e classes ou grupos sociais. Estabelece-se uma oposição entre os “inferiores”, “primitivos”, “atrasados”, e os “civilizados”, entre os quais o narrador inclui a si mesmo. Nessas caracterizações, reproduzem-se, parcialmente, as teorias do darwinismo social e do evolucionismo, doutrinas com muita aceitação entre acadêmicos e intelectuais do Brasil à época. Nas duas obras, no entanto, essa hierarquização também é problematizada ao ser atravessada por um elemento fundamental: o temor do “desconhecido”, do “inexplicável”, que acomete a todos os seres humanos. Este artigo estuda a convivência inelutável, embora conflituosa, entre as hierarquias raciais, sociais e morais e a instituição desse universal, que as enfraquece e ultrapassa. Analisamos a hipótese de que as tentativas de estabelecer uma “comunicação” com o desconhecido, tal como apresentadas pelo autor carioca, caracterizam-se como míticas, com base nos conceitos do filósofo Hans Blumenberg. João do Rio, portanto, afirmaria a permanência do mito na modernidade.
ISSN:1807-9717