Transformações sócioespaciais da agricultura familiar na Amazônia

O trabalho analisa as transformações sócio-espaciais ocorridas na última década na agricultura familiar da Amazônia. As pesquisas se concentraram no Centro de Rondônia, onde encontramos uma ampla modalidade de agricultores familiares dedicados ao cultivo do café, olericultura e produção de leite. A...

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Published inScripta nova : revista electrónica de geografía y ciencias sociales Vol. 12 Diez años de cambios en el mundo, en la Geografía y en las Ciencias Sociales, 1999-2008
Main Author Binsztok, Jacob
Format Journal Article
LanguageCatalan
Published Universitat de Barcelona 2008
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Summary:O trabalho analisa as transformações sócio-espaciais ocorridas na última década na agricultura familiar da Amazônia. As pesquisas se concentraram no Centro de Rondônia, onde encontramos uma ampla modalidade de agricultores familiares dedicados ao cultivo do café, olericultura e produção de leite. A importância da região pode ser verificada, na medida em que seus produtos agrícolas abastecem não somente mercados locais, mas também mercados regionais, nacionais e internacionais. O Centro de Rondônia é reconhecido como uma das áreas mais devastadas da Amazônia, com seus municípios incluídos no denominado “Arco do Desmatamento”, devido à ocorrência de grandes queimadas, colocando a região como uma das maiores emissoras de CO2 do país. Recentemente, segmentos comunitários preocupados com o agravamento da degradação dos recursos naturais e das condições ambientais locais, decidiram investir em práticas agroecológicas, privilegiando o cultivo do café orgânico e modificando as normas ditadas pela cadeia de comercialização convencional, filiando-se a instituições internacionais vinculadas ao comércio justo e a economia solidária. Estas atividades foram inicialmente fomentadas pelos setores progressistas da Igreja Católica, que elaboraram projetos precursores, visando o resgate de práticas camponesas, como os “mutirões” que estavam praticamente esquecidos em virtude da rápida expansão do trabalho especializado no campo. No entanto as soluções alternativas apresentam limites, pois uma grande parte dos agricultores familiares não atendem aos rígidos requisitos impostos pelas instituições certificadoras das práticas agroecológicas, do comércio justo e da economia solidária. Acrescenta-se o fato que empresas transnacionais estão se apropriando da agricultura orgânica, transformando os agricultores familiares em fornecedores e controlando o preço dos produtos, principalmente do café. As dificuldades decorrentes da desvalorização do dólar também estão contribuindo para que agricultores que optaram pelo cultivo de produtos orgânicos, retornem ao emprego de técnicas convencionais, pautadas pela intensa utilização de agrotóxicos, retornando a antiga posição de uma produção subordinada a cadeia de intermediários, locais, nacionais e internacionais que monopolizam o preço do café.
ISSN:1138-9788