AUTORIZAR O ECOCÍDIO - MARX SEM O TRABALHO ABSTRATO

Existem leituras das teorias de Marx que reconhecem a centralidade da variável categorial de trabalho abstrato, como existem também as que a desconsideram ou desconhecem. Neste artigo, supor-se-á que os leitores da segunda abordagem fizeram uma escolha racionalmente deliberada, concedendo que entend...

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Published inEspirales - revista para a integração da América Latina e Caribe Vol. 8; no. 1; pp. 104 - 128
Main Author Madarasz, Norman Roland
Format Journal Article
LanguagePortuguese
Published 2024
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Summary:Existem leituras das teorias de Marx que reconhecem a centralidade da variável categorial de trabalho abstrato, como existem também as que a desconsideram ou desconhecem. Neste artigo, supor-se-á que os leitores da segunda abordagem fizeram uma escolha racionalmente deliberada, concedendo que entendem as consequências que tal suspenso ou apagamento implica para a coerência da crítica da economia clássica conduzida por Marx. A ausência desta variável no mapeamento da circulação do capital, definido como valor em movimento que se autovaloriza, poderia bem compartilhar, na pesquisa contemporânea em filosofia e nas ciências sociais, um campo de análise parametrizado pelo termo biopoder/biopolítica. Ora, o modo de realização do capital elimina a distinção entre o biopoder e as biopolíticas. Tendência já perceptível no âmbito da pesquisa, nosso objetivo maior é desvendar uma implicação mais grave de consequências. Usar Marx sem o trabalho abstrato equivale a perpetuar um estranhamento sobre o meio ambiente teorizado pelo discurso do antropoceno. Disfarça que sem a extensão prática propiciada pela categoria de trabalho abstrato sua relevância afeta apenas uma fração ínfima da demografia planetária. Defenderemos neste artigo que ao eliminar a categoria de trabalho abstrato, uma fissura entre biopoder e biopolítica se aprofunda, na qual se neutraliza a força crítica para alcançar as raízes materiais de uma catástrofe avisada que, antes de se apresentar como antropocênico, deve se verificar como perpetuação do colonialismo ecocida. There are readings of Marx's theories that recognize the centrality of the categorical variable of abstract labor, just as there are those that disregard or ignore it. In this article, we shall assume that readers of the latter approach have made a rationally deliberate choice, thus conceding they grasp the consequences that such suspension or erasure implies for the coherence of Marx's critique of classical economics. The absence of this variable in the mapping of capital circulation, defined as value in motion that self-valorizes, could well share, in contemporary research in philosophy and social sciences, a field of analysis parameterized by the term biopower/biopolitics. Now, the mode of realization of capital eliminates the distinction between biopower and biopolitics. As an already noticeable trend in research, our main objective is to uncover a more serious set of consequences. Using Marx without abstract labor amounts to perpetuating an estrangement regarding the environment as theorized by the discourse of the Anthropocene. It disguises the upshot that, without the practical extension afforded by the category of abstract labor, ecology theory is relevant for only a tiny fraction of the planetary demography. In this article, we argue that by eliminating the category of abstract labor, a rift between biopower and biopolitics deepens so as to neutralize the critical force needed to reach the material roots of an impending catastrophe that, before presenting itself as anthropocenic, can be attested as the perpetuation of ecocidal colonialism.
ISSN:2594-9721
2594-9721
DOI:10.29327/2282886.8.1-6