COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS RELACIONADAS À TRICOLEUCEMIA - RELATOS DE CASOS

A Tricoleucemia é uma doença linfoproliferativa rara cuja apresentação frequentemente envolve esplenomegalia e citopenias, mais comumente neutropenia e monocitopenia. Uma das principais causas de mortalidade são complicações infecciosas decorrentes da imunossupressão, tanto por mecanismo de imunossu...

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Published inHematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 44; p. S137
Main Authors Otani, F, Araújo, LC, Ferreira, NKH, Menezes, LP, Campinas, IA, Souza, MT, Melo, LN, Cantadori, LO, Bonini, ACM, Lustri, TDS
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published Elsevier España, S.L.U 01.10.2022
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Summary:A Tricoleucemia é uma doença linfoproliferativa rara cuja apresentação frequentemente envolve esplenomegalia e citopenias, mais comumente neutropenia e monocitopenia. Uma das principais causas de mortalidade são complicações infecciosas decorrentes da imunossupressão, tanto por mecanismo de imunossupressão celular relacionada à própria doença quanto por aplasia prolongada induzida pelo tratamento com análogos de purina, drogas atualmente utilizadas em primeira linha. Apresentamos dois casos de infecções atípicas associadas à imunossupressão da Tricoleucemia. Caso 1: Paciente do sexo masculino, 44 anos, sem comorbidades prévias, apresentou-se com perda de 10 kg em 4 meses, hepatoesplenomegalia, anemia, monocitopenia e plaquetopenia. Foi realizada Biópsia de Medula Óssea (BMO) compatível com Tricoleucemia. Foi prescrito Cladribina 0,14 mg/kg/dia por 5 dias. Interna no D21 com quadro de edema e dor em hemiface direita e febre. Iniciada antibioticoterapia com Cefepime, Vancomicina e Anfotericina B e investigação com Tomografia Computadorizada (TC) de seios da face, tórax e abdome, sem foco infeccioso definido. Devido manutenção de febre, realizadas TC de crânio com lesão em Sistema Nervoso Central (SNC). Biópsia por punção com drenagem de conteúdo demonstrou Abscesso Cerebral fúngico com Anátomo-Patológico (AP) positivo para Cryptococcus. Após 5 dias da drenagem, evoluiu com quadro de cefaleia com nova imagem evidenciando aumento da lesão; realizada nova abordagem com AP sugestivo de Encefalite Fúngica por Aspergillus. Em imagem após 10 dias da reabordagem, mantido padrão de lesão, sendo optado por lobectomia frontal para resseção da lesão. Completou tratamento por 64 dias com Anfotericina B e Fluconazol. Recebeu alta sem sequelas neurológicas. Caso 2: Paciente do sexo masculino, 43 anos, sem comorbidades prévias, apresentou-se com febre diária há 20 dias, sudorese noturna, perda de 8kg no período e vômitos constantes. Ao hemograma, anemia e monocitopenia. Realizado rastreio infeccioso com culturas, ecocardiograma e TC de tórax e abdome sem alterações. Coletada BMO compatível com Tricoleucemia. Manteve febre persistente mesmo com uso de Meropenem, Vancomicina e Anfotericina Complexo Lipídico. Evoluiu com hepatomegalia dolorosa e aumento de transaminases. Realizada biópsia hepática para auxílio na investigação de infecções atípicas com AP evidenciando granulomatose com necrose caseosa e pesquisa de Bacilo Álcool-Ácido Resistente (BAAR) positiva. Iniciado tratamento de Tuberculose para hepatopata, evoluindo com melhora clínica após tratamento. Discussão e conclusão: Quadros infecciosos estão presentes na história natural da Tricoleucemia visto a grave imunossupressão associada à evolução natural da doença, prejudicando tanto a resposta imune inata quanto a adaptativa de padrão celular, devido à redução do número de neutrófilos, monócitos, células dendríticas e natural killers. Sob a mínima suspeita infecciosa, investigação minuciosa deve ser realizada. Além disso, manter vigilância a sinais e sintomas durante do período de seguimento é de fundamental importância no seguimento desses pacientes.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2022.09.231