MPOX GRAVE EM DOIS PACIENTES COM HIV: UM EXEMPLO DE EVOLUÇÃO FATAL E DOENÇA DE LONGA DURAÇÃO
A Mpox é uma doença zoonótica causada por um ortopoxvírus, que apresenta aspectos semelhantes a varíola humana. Em 2022, a OMS declarou a doença uma emergência de saúde pública global.A viremia de Mpox pode estar elevada em pacientes imunossuprimidos, levando a uma variedade de manifestações clínica...
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Published in | The Brazilian journal of infectious diseases Vol. 27; p. 103032 |
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Main Authors | , , , , |
Format | Journal Article |
Language | English |
Published |
Elsevier España, S.L.U
01.10.2023
Elsevier |
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Summary: | A Mpox é uma doença zoonótica causada por um ortopoxvírus, que apresenta aspectos semelhantes a varíola humana. Em 2022, a OMS declarou a doença uma emergência de saúde pública global.A viremia de Mpox pode estar elevada em pacientes imunossuprimidos, levando a uma variedade de manifestações clínicas. Relatamos dois casos de Mpox grave em pacientes imunossuprimidos pelo HIV. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de ética do Hospital São Jose de Doenças Infecciosas (HSJ) (CAAE 63920522.9.0000.5044).
Caso 1: Homem de 39 anos com HIV há 13 anos, uso irregular de TARV, T-CD4+:20 cel/mL e CV:1019 cópias, apresentou-se com quadro lesões vesiculares umbilicadas perianais associadas a dor e secreção purulenta. Após 3 semanas, novas lesões bolhosas e pápulo-crostosas apareceram nos membros e na face. RT-PCR para Monkeypox foi detectado. Devido infecção secundária, foi realizado antibioticoterapia de amplo espectro, mas persistiu com secreção purulenta no canal anal. Durante a evolução, as lesões na face evoluíram tornaram-se úlceras e crostas do tipo cornu cutâneo. 5 meses depois, o paciente persistia com surgimento de novas lesões disseminadas, sendo optado pela realização de Tecovirimat por 2 semanas, iniciando-se o processo de cicatrização. Atualmente, apresenta LT-CD4+: 64 células/mL, e ainda persiste com lesões crostosas em membros superiores. RT-PCR persistiu detectado com valores de baixo cycle threshold. Caso 2: Homem, 29 anos, com HIV há 9 anos, uso irregular de TARV, com LT-CD4:61 cel/mL e CV:41 cópias, apresentava lesões cutâneas bolhosas polimórficas nos membros superiores e dorso. RT-PCR para Monkeypox foi detectado. Após um mês, surgiram lesões coalescentes e dolorosas em lábio superior, dorso, membros superiores e inferiores e genitais, que evoluíram para lesões concêntricas no reto. Foi submetido a laparotomia, sendo necessária colostomia, após visualização de lesão endoluminal endurecida no retossigmoide. Evoluiu a óbito devido a choque séptico refratário.
Pessoas vivendo com HIV/AIDS com imunossupressão grave têm risco aumentado de Mpox grave. Os principais achados são mais de 100 lesões de pele, lesões necróticas, persistentes ou resistentes ao tratamento, instabilidade hemodinâmica ou sepse. Ambos os pacientes foram internados devido a dor intensa relacionada a lesões da mucosa anal que requeriam suporte adequado e alívio da dor, além de terapia antimicrobiana para infecções bacterianas secundárias. |
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ISSN: | 1413-8670 |
DOI: | 10.1016/j.bjid.2023.103032 |