O IMPACTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS NO TRATAMENTO DE PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Os cuidados paliativos (CP) constituem uma abordagem interdisciplinar para gerenciamento de sintomas, apoio psicológico e tomada de decisões sobre o tratamento para pacientes com doenças graves e seus familiares. Devido ao prognóstico incerto e ao potencial de alta carga de sintomas, os pacientes co...

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Published inHematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 46; p. S185
Main Authors Calixto, MS, Motta, JM, Vieira, DR
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published Elsevier España, S.L.U 01.10.2024
Elsevier
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Summary:Os cuidados paliativos (CP) constituem uma abordagem interdisciplinar para gerenciamento de sintomas, apoio psicológico e tomada de decisões sobre o tratamento para pacientes com doenças graves e seus familiares. Devido ao prognóstico incerto e ao potencial de alta carga de sintomas, os pacientes com malignidades hematológicas (MH) podem se beneficiar do co-gerenciamento longitudinal de CP ambulatoriais. O objetivo do presente estudo é avaliar o efeito dos cuidados paliativos na otimização do tratamento de pacientes com neoplasias hematológicas. Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a partir da análise de produções científicas veiculadas em periódicos indexados nas bases de dados United States National Library of Medicine (PubMed) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Os descritores utilizados para a busca foram “palliative care”, “hematologic malignancies” e “health care”, com a utilização do operador booleano “and”. Quanto à elegibilidade das pesquisas, foram utilizados como critérios de inclusão: texto completo, recorte temporal dos últimos 10 anos (2014-2024), idiomas inglês e espanhol e estudos do tipo ensaio clínico e estudo observacional. Foram excluídos artigos duplicados e aqueles que não estavam dentro do contexto abordado, resultando em 49 periódicos para análise. Os estudos demonstram que CP precoces e ambulatoriais estão associados à redução da carga dos sintomas, melhoria da qualidade de vida e humor, maior probabilidade de sobrevivência e melhores resultados para cuidadores e pacientes, além de contribuírem para a redução dos custos totais de internação. Ademais, correlacionam-se à menor utilização de cuidados de saúde no final da vida para pacientes com câncer, diminuição do tempo de internação, redução de admissões em unidades de terapia intensiva (UTI), menores taxas de readmissão e aumento da probabilidade de morrer em casa ou em um hospício residencial, em detrimento do ambiente hospitalar. Os pacientes que receberam CP tiveram menos cuidados de câncer inadequados no último mês de vida, com uma diminuição significativa nas proporções de pacientes que receberam quimioterapia durante as duas últimas semanas de vida, daqueles internados na UTI no último mês de vida e daqueles que receberam reanimação cardiopulmonar no último mês de vida. Outro achado importante foi que a probabilidade mediana de sobrevivência após o diagnóstico não foi comprometida em pacientes que receberam CP, visto que 35,5% dos pacientes do grupo sobreviveram mais de 30 dias após o início dos cuidados. Ainda, o envolvimento dos CP no diagnóstico contribui para aumentar a compreensão dos pacientes sobre sua doença e prognóstico. Sendo assim, encaminhamentos para CP melhoram o manejo dos sintomas, fornecem apoio psicossocial e espiritual, esclarecem os objetivos dos cuidados e facilitam o planejamento da alta. Portanto, são cuidados viáveis e trazem benefícios antes do período de fim de vida, devendo compor parte importante das diretrizes para o manejo ideal de pacientes com câncer hematológico avançado. Ensaios clínicos grandes, multicêntricos e controlados são necessários para determinar os aspectos mais impactantes dos CP e melhorar a prestação de cuidados aos pacientes com MH.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2024.09.309