RELATO DE CASO: DESAFIOS PARA O DIAGNÓSTICO DE LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO

O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um tipo de câncer hematológico raro e agressivo que afeta os linfócitos B maduros. Representa cerca de 6% dos linfomas não-Hodgkin, com maior incidência em homens acima de 60 anos. A dificuldade no diagnóstico precoce decorre da apresentação clínica variada e da...

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Published inHematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 46; pp. S295 - S296
Main Authors Santos, MS, Lima, AM, Macêdo, AB, Oliveira, LNS, Silva, LD, Oliveira, OF, Queiroga, PFN, Sampaio, BR, Costa, RL, Costa, EMM
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published Elsevier España, S.L.U 01.10.2024
Elsevier
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Summary:O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um tipo de câncer hematológico raro e agressivo que afeta os linfócitos B maduros. Representa cerca de 6% dos linfomas não-Hodgkin, com maior incidência em homens acima de 60 anos. A dificuldade no diagnóstico precoce decorre da apresentação clínica variada e da baixa suspeição da doença. Relatar o caso de um idoso com LCM, destacando as dificuldades para o diagnóstico diferencial. Paciente masculino, 79 anos, previamente hígido, admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Jacobina-BA com febre, mialgia, cefaleia e dor abdominal há 6 dias. No exame físico admissional apresentava letargia, icterícia (2+/4+), hipocromia (+/4+), epistaxe moderada e baço palpável de 5 cm. Exames laboratoriais: hemoglobina 7,9 g/dL, hematócrito 24%, leucócitos 6.600/mm3, plaquetas 19.000/mm3, Dengue IgG e IgM positivos. Recebeu transfusões sucessivas de hemácias, plaquetas e crioprecipitados. Apesar da melhora clínica progressiva, persistiam plaquetopenia e anemia, além de leucocitose com predomínio linfocitário (60%). No 12° dia de internação, a ultrassonografia abdominal total mostrou esplenomegalia de 21 cm e imagens nodulares periesplênicas, sugestivas de linfonodopatia. A tomografia abdominal mostrou linfonodomegalias e conglomerados linfonodais nas cadeias periaórticas, pericavais, interaortocaval, celíaca, hepática, gástrica direita e mesentéricas superiores. O paciente recebeu alta da UTI no 17° dia e foi transferido para a enfermaria, onde foi feita a imunofenotipagem de sangue periférico que revelou marcadores compatíveis com doença linfoproliferativa crônica. Recebeu alta para acompanhamento hematológico e investigação adicional. A biópsia de medula óssea confirmou o diagnóstico, sendo solicitado o esquema R-CHOP (Rituximabe, Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Vincristina e Prednisona). Este caso ilustra a complexidade diagnóstica do LCM, um tipo agressivo de linfoma não-Hodgkin, que desafia a prática clínica, em especial em pacientes idosos. A apresentação do LCM pode ser insidiosa, variada e mascarada por sintomas inespecíficos como febre, mialgia e linfadenopatia, que podem ser confundidos e justapostos com infecções virais, incluindo arboviroses. A presença de linfadenopatia e esplenomegalia são características comuns do LCM, porém, esses achados são inespecíficos e podem se manifestar em outras doenças. A confirmação diagnóstica ocorre pela biópsia linfonodal ou medular. O tratamento é quimioimunoterapia e o esquema R-CHOP é a terapêutica padrão. O caso revela a dificuldade de ter um linfoma agressivo como possível diagnóstico diferencial na presença de adenomegalias volumosas, esplenomegalia e sintomas constitucionais no período de epidemia de arboviroses.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2024.09.496