DIAGNÓSTICO INTEGRADO DE LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA COM DIFERENCIAÇÃO BASOFÍLICA: RELATO DE CASO

Na classificação da Leucemia Mielóide Aguda (LMA), as características imunofenotípicas e anormalidades genéticas não apenas fornecem critérios objetivos para o diagnóstico, mas também possibilita a identificação de antígenos e alterações moleculares que podem ser direcionados para terapia personaliz...

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Published inHematology, Transfusion and Cell Therapy Vol. 43; p. S154
Main Authors Spagnol, F, Farias, MG, Calvache, ET, Santana, VB, Schaefer, PG, Burin, MM, Gomez, EW, Riegel, M, Weber, CS, Paz, AA
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published Elsevier España, S.L.U 01.10.2021
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Summary:Na classificação da Leucemia Mielóide Aguda (LMA), as características imunofenotípicas e anormalidades genéticas não apenas fornecem critérios objetivos para o diagnóstico, mas também possibilita a identificação de antígenos e alterações moleculares que podem ser direcionados para terapia personalizada. Relatar um caso de leucemia promielocítica aguda (LPA) com diferenciação basofílica mostrando a importância da integração clínico-laboratorial na elucidação de casos complexos e raros como este, fundamental na escolha terapêutica correta. Paciente masculino, 44 anos, previamente hígido, apresentou astenia, adinamia e perda de 14 kg em 2 meses. Exames laboratoriais identificaram pancitopenia, basofilia e presença de blastos no sangue periférico sem alterações significativas, nos demais exames, inclusive de coagulação. O mielograma revelou 27% de blastos polimórficos, tamanho grande, baixa relação núcleo/citoplasma, granulação citoplasmática, cromatina frouxa e nucléolos evidentes; basofilia e presença de promielócitos hipogranulares. A imunofenotipagem (IF) detectou 55% de células mielóides imaturas com maturação basofílica, e uma população de 12% de promielócitos anômalos. O imunofenótipo foi sugestivo de Leucemia Basofílica Aguda (LBA). A biópsia da medula óssea (BMO) evidenciou celularidade aumentada com proliferação multifocal de blastos com nucléolo inconspícuo e figuras de mitose atípicas. O perfil imuno-histoquímico e aspectos histopatológicos, foi compatível com LMA. A IF e a BMO sugeriram o diagnóstico diferencial molecular/citogenético de LPA. Após discussão dos achados, ausência de clínica compatível com a coagulopatia deflagrada pela LPA e levando em consideração o performance status 0 (ECOG), foi iniciada quimioterapia de indução com o esquema 7+3, sem complicações com avaliação da resposta em primeira remissão (CR1). Com o resultado do PML-RARa detectado, cariótipo 46,XY,t(15;17)(q24;q21) e rediscussão do caso com as equipes multidisciplinares envolvidas, foi possível concluir o diagnóstico final de LPA variante (LPAv) com diferenciação basofílica de risco intermediário (Pethema/APL 2006) e baixo risco (NCCN). O paciente foi alocado para tratamento conforme o protocolo IC-APL 2006 com avaliação no final da consolidação mantendo-se em CR1 e remissão molecular. Atualmente encontra-se na fase de manutenção, com remissão molecular e morfológica. A basofilia na LPA é descrita no diagnóstico e/ou associada ao tratamento, sendo motivo de discussão quanto a origem clonal vs reacional. Essa alteração pode ocorrer em até 1/3 dos pacientes com diagnóstico de LPA e está associada a maior risco de sangramento e pior sobrevida. Este caso permite destacar o cenário na rotina hemato-oncológica, onde os achados da medula óssea na ausência de manifestações clínicas típicas foram determinantes. Enfatiza-se a relevância da disponibilidade nas pesquisas moleculares com vista à melhor acurácia diagnóstica nos casos complexos e estratificação de risco conforme recomendado pelas diretrizes internacionais. O presente relato enfatiza a importância da integração entre diversas especialidades que compõe a clínica e técnicas distintas em um âmbito de discussões, resultando em um contexto final no diagnóstico correto e individualizado das doenças oncohematológicas.
ISSN:2531-1379
DOI:10.1016/j.htct.2021.10.262