Considerações sobre o impacto da covid-19 na relação indivíduo-sociedade: da hesitação vacinal ao clamor por uma vacina

Resumo Desde março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou que o mundo vivia uma pandemia de covid-19, acompanhamos um quadro sanitário sem precedentes nos últimos 100 anos. As medidas atuais contra a doença têm como objetivo o controle da transmissão e envolvem ações individuais e c...

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Published inSaúde e sociedade Vol. 30; no. 1
Main Authors Couto, Marcia Thereza, Barbieri, Carolina Luisa Alves, Matos, Camila Carvalho de Souza Amorim
Format Journal Article
LanguagePortuguese
English
Published Sao Paulo Universidade de Sao Paulo, Faculdade de Saude Publica 2021
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública
Universidade de São Paulo
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Summary:Resumo Desde março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou que o mundo vivia uma pandemia de covid-19, acompanhamos um quadro sanitário sem precedentes nos últimos 100 anos. As medidas atuais contra a doença têm como objetivo o controle da transmissão e envolvem ações individuais e coletivas de higiene e distanciamento físico, enquanto a busca por uma vacina se apresenta como a esperança para vencer a pandemia. Considerando o contexto social de clamor por uma nova vacina, este ensaio crítico discute o paradoxo e as contradições da relação indivíduo-sociedade no contexto da covid-19 à luz da hesitação vacinal como fenômeno histórico e socialmente situado. Este ensaio aponta que as tomadas de decisão sobre (não) vacinar ou sobre (não) seguir as medidas preventivas e de controle da propagação da covid-19 são conformadas por pertencimentos sociais e atravessadas por desigualdades que tendem a se exacerbar. A infodemia que cerca a covid-19 e a hesitação vacinal refletem a tensão entre o risco cientificamente validado e o risco percebido subjetivamente, também influenciada pela crise de confiança na ciência. Percepções de risco e adesão a medidas de saúde extrapolam aspectos subjetivos e racionais e espelham valores e crenças conformados pelas dimensões política, econômica e sociocultural. Abstract Since March 2020, when the World Health Organization (WHO) declared that COVID-19 was a pandemic at global level, we are facing an unprecedented health crisis over the past 100 years. While the search for a vaccine represents the hope to overcome the pandemic, measures were established to control the disease transmission through individual and collective actions of hygiene and physical distancing. Based on the popular clamor for new vaccines, this critical essay discusses the paradox and contradictions of the individual-society relationship in the context of COVID-19 considering vaccine hesitancy as a historical and social phenomenon. We also argue that decisions on (not) vaccinating or (not) following COVID-19 control and preventive measures are influenced by social belonging and traversed by inequalities that tend to exacerbate. COVID-19 surrounding infodemic and vaccine hesitancy reflect the tension between scientifically-validated and self-perceived risk, besides being impacted by the crisis of confidence in science. Perceiving risk and adhering to precautionary measures extrapolate subjectivity and rationality, and mirror values and creed shaped by the political, economic, and sociocultural dimensions.
ISSN:0104-1290
1984-0470
1984-0470
DOI:10.1590/s0104-12902021200450