Da prescrição à escuta: efeitos da gestão autônoma da medicação em trabalhadores da saúde

Resumo O uso de psicotrópicos e os direitos relacionados à escolha dos tratamentos prescritos vêm ganhando espaço na literatura. Este artigo deriva de uma pesquisa qualitativa na qual se interveio em 10 serviços de saúde (Atenção Primária e Secundária) de dois municípios (Campinas e Amparo, SP). Seg...

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Published inSaúde e sociedade Vol. 28; no. 2; pp. 261 - 271
Main Authors Santos, Deivisson Vianna Dantas dos, Onocko-Campos, Rosana, Basegio, Daniele, Stefanello, Sabrina
Format Journal Article
LanguageEnglish
Portuguese
Published Sao Paulo Universidade de Sao Paulo, Faculdade de Saude Publica 01.06.2019
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública
Universidade de São Paulo
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Summary:Resumo O uso de psicotrópicos e os direitos relacionados à escolha dos tratamentos prescritos vêm ganhando espaço na literatura. Este artigo deriva de uma pesquisa qualitativa na qual se interveio em 10 serviços de saúde (Atenção Primária e Secundária) de dois municípios (Campinas e Amparo, SP). Seguindo os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira de incluir os usuários nas decisões dos seus tratamentos, utilizou-se a gestão autônoma da medicação (GAM) como estratégia de intervenção; ela é originária do Canadá, e propõe “empoderar” usuários quanto ao uso de medicamentos em seus projetos terapêuticos. Este trabalho avalia a percepção dos trabalhadores que moderaram grupos de GAM. A partir de entrevistas semiestruturadas com esses moderadores, antes e depois da intervenção, construíram-se narrativas sob os preceitos da hermenêutica gadameriana. Os trabalhadores que experimentaram a estratégia assumiram papel mais crítico quanto a suas práticas clínicas, e identificaram, na metodologia horizontal, grupal e direcionada para a escuta de valorização da voz dos usuários, uma experiência capaz de promover uma clínica mais flexível e propícia à construção conjunta de ações. A experimentação da GAM nesta pesquisa permitiu analisá-la em relação a outros referenciais brasileiros da saúde coletiva, como a educação popular e a medicina centrada na pessoa, operando uma interessante hibridação cultural. Abstract The use of psychotropic drugs and rights related to the choice of prescribed treatments has been gaining ground in literature. This article reports aspects of a qualitative research that intervene in 10 health services (primary and secondary care) at two Brazilian cities (Campinas and Amparo, in São Paulo). Following the principle of Brazilian Psychiatric Reform, defending users’ rights to decide about their treatment, we worked with the gaining autonomy and medication (GAM). GAM comes from Canada and proposes to “empower” users regarding the use of drugs in their therapeutic projects. This article aims to evaluate the impact’s perception of the workers moderators of the GAM groups. Semi-structured interviews were conducted with the GAM Group’s moderators before and after the intervention, narratives were constructed under the precepts of Gadamer’s hermeneutics. Workers who experienced the strategy took a more critical role in relation to their clinical practices, and identified, in the horizontal methodology, group and directed to listening for the appreciation of the voice of users, an experience that could promote a more flexible clinic and conducive to the joint construction of actions. GAM’s experimentation in the this research allowed to analyze it in relation to other Brazilian references to the field of collective health such as popular education and person-centered medicine, operating an interesting cultural hybridization.
ISSN:0104-1290
1984-0470
1984-0470
DOI:10.1590/s0104-12902019180860