Na linha: os Nambiquara e as linhas telegráficas

RESUMO Este artigo pretende retomar o evento histórico da passagem das linhas telegráficas pelo território ocupado pelos povos Nambiquara, a partir do que eu proponho chamar de uma teoria das linhas formulada pelos grupos Nambiquara no contexto ritual. Minha intenção não é especular se o ritual de a...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published inMana (Rio de Janeiro, Brazil) Vol. 29; no. 1; p. 1
Main Author Miller, Joana
Format Journal Article
LanguagePortuguese
English
Spanish
Published Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro. Departamento de Antropologia 2023
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Subjects
Online AccessGet full text

Cover

Loading…
More Information
Summary:RESUMO Este artigo pretende retomar o evento histórico da passagem das linhas telegráficas pelo território ocupado pelos povos Nambiquara, a partir do que eu proponho chamar de uma teoria das linhas formulada pelos grupos Nambiquara no contexto ritual. Minha intenção não é especular se o ritual de algum modo reproduz a imagem das linhas telegráficas ou das estradas que atravessaram o território nambiquara, originando-se de uma experiência histórica. Pretendo argumentar que, para os Nambiquara, a estrada, os fios telegráficos e as linhas usadas durante o ritual podem ser considerados condutores ontológicos a partir dos quais podemos refletir sobre a noção de transformação nesse contexto etnográfico. Minha hipótese é a de que essa teoria nambiquara das linhas deixa à mostra uma concepção de território na qual a mesma topografia constitui pessoas e lugares e tem sua expressão material nas linhas que atravessam o espaço e os corpos. RESUMEN Este artículo pretende retomar el acontecimiento histórico del paso de las líneas telegráficas por el território ocupado por los pueblos Nambikwara, a partir de lo que propogno llamar una teoría de las líneas formulada por los grupos Nambikwara en el contexto ritual. Mi intención no es especular si el ritual reproduce de alguna manera la imagen de las líneas telegráficas o de los caminos que atravesaban el território Nambikwara, originados en una experiencia histórica. Mi inténción es argumentar que, para los Nambikwara, la carretera, los cables del telégrafo y las líneas utilizadas durante el ritual pueden considerase conductores ontológicos a partir de los cuales podemos reflexionar sobre la noción de transformación en este contexto etnográfico. Mi hipótesis es que esta teoría Nambikwara de las líneas muestra una concepción del territorio en la que la misma topografía constituye personas y lugares y tiene su expresión material en las líneas que atraviesan el espacio y los cuerpos. ABSTRACT The aim of this article is to explore the history of the passage of telegraph lines through the territory occupied by the Nambikwara peoples, based on what I propose to call a theory of lines, formulated by the Nambikwara groups in ritual contexts. My intention is not to speculate whether the ritual somehow reproduces the image of the telegraph lines and roads that crossed Nambikwara territory, originating in a historical experience. Rather, I intend to argue that, for the Nambikwara, roads, telegraph wires, and the lines used during rituals are ontological conductors through which we can reflect on the notion of transformation in this ethnographic context. My hypothesis is that the Nambikwara theory of lines shows a conception of territory in which topography constitutes people and places and has its material expression in the lines that cross spaces and bodies.
ISSN:0104-9313
1678-4944
1678-4944
DOI:10.1590/1678-49442023v29n1e2023008.pt