PAULO FREIRE E AMÍLCAR CABRAL: PEDAGOGOS DO ANTICOLONIALISMO

RESUMO Paulo Freire foi para a Guiné-Bissau em 1976. Amílcar Cabral havia sido assassinado em janeiro de 1973. O encontro de Paulo Freire com Amílcar Cabral se deu pelo estudo de seus textos, por entrevistas que realizou e pelas aprendizagens com um povo que tentava assumir seu papel como sujeito de...

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Published inRevista eletrônica da administração (Porto Alegre) Vol. 28; no. 3; pp. 646 - 661
Main Author Misoczky, Maria Ceci
Format Journal Article
LanguageEnglish
Portuguese
Published Escola de Administração da UFRGS 01.12.2022
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Summary:RESUMO Paulo Freire foi para a Guiné-Bissau em 1976. Amílcar Cabral havia sido assassinado em janeiro de 1973. O encontro de Paulo Freire com Amílcar Cabral se deu pelo estudo de seus textos, por entrevistas que realizou e pelas aprendizagens com um povo que tentava assumir seu papel como sujeito de sua história. A influência de Frantz Fanon e de Albert Memmi já se encontrava em “Pedagogia do Oprimido”; no entanto, o tema da libertação ainda se localizava na relação entre consciência e ideologia. O encontro com Amílcar Cabral, e com o povo da Guiné, levou Paulo Freire a uma revisão da proposição de que a transformação da realidade poderia ocorrer através da “reforma interna” dos seres humanos. As relações do mundo do trabalho e do sistema produtivo adquiriram centralidade e, portanto, educação e trabalho passaram a se constituir em uma unidade. Outro tema no qual se expressam influências e afinidades se refere a considerar que a luta pela libertação é um fato cultural e um fator de cultura. O encontro entre esses dois pedagogos do anticolonialismo e sua apropriação crítica e criativa do marxismo à práxis, aporta contribuições para, entre tantas outras, problematizar o modismo de abordagens descoloniais meramente epistemológicas e superar os limites de abordagens que essencializam a dimensão cultural. Paulo Freire arrived at Guiné-Bissau in 1976. Amílcar Cabral had been murdered in January 1973. The encounter of Paulo Freire with Amílcar Cabral was by the study of his texts, by interviews and by the learnings with a people trying to achieve a role as subjects of their own history. The influence of Frantz Fanon and Albert Memmi was already present in “Pedagogy of the Oppressed”. However, the issue of liberation was still located in the relation between conscience and ideology. The encounter with Amilcar Cabral and with the people of Guiné resulted in a revision of the proposition that the transformation of reality could happen through an “internal reform” of the human beings. The relationship between the world of labour and the productive system acquired centrality and, consequently, education and labour constituted a unity. Another issue in which affinities and influences are expressed, refers to consider the struggle for liberation is a cultural fact and a factor of culture. The encounter between these two pedagogues of anti colonialism and their critical and creative appropriation of Marxism to praxis provides contributions, among others, to problematize fashionable merely epistemological decolonial approaches and to overcome the limits of approaches that essentialize the cultural dimension. Paulo Freire fue para la Guiné-Bissau en 1976. Amílcar Cabral había sido asesinado en enero de 1973. El encuentro de Paulo Freire con Amílcar Cabral ocurrió por el estudio de sus textos, por entrevistas que realizó y por aprendizajes con un pueblo que intentaba asumir su rol como sujeto de su historia. La influencia de Frantz Fanon y de Albert Memmi ya se encontraba en “Pedagogía del Oprimido”. Sin embargo, el tema de la liberación aún se ubicaba en la relación entre consciencia e ideología. El encuentro con Amílcar Cabral y con el pueblo de la Guiné llevó a una revisión de la proposición según la cual la transformación de la realidad podría ocurrir por medio de la “reforma interna” de los seres humanos. Las relaciones del mundo del trabajo y del sistema productivo ganan centralidad y, por lo tanto, educación y trabajo pasan a constituirse en una unidad. Otro tema en el cual se expresan influencias y afinidades se refiere a considerar que la lucha por la liberación es un hecho cultural y un factor de cultura. El encuentro entre estes dos pedagogos del anticolonialismo y sus apropiaciones críticas y creativas del marxismo a la praxis ofrece contribuciones para, entre tantas otras, problematizar el modismo de abordajes descoloniales meramente epistemológicas y superar los límites de abordajes que esencializan la dimensión cultural.
ISSN:1980-4164
1413-2311
1413-2311
DOI:10.1590/1413-2311.359.120361