O paradoxo das Palmas: análise do (des)uso da moeda social no “bairro da economia solidária”
Resumo Os diferentes contextos e usos de moedas sociais no cenário nacional e internacional têm estimulado estudiosos a buscar compreender as especificidades de cada experiência. A moeda social mais conhecida no Brasil, a Palmas, criada pelo Banco Palmas em Fortaleza, encontra- se atualmente em uma...
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Published in | Cadernos EBAPE.BR Vol. 15; no. 1; pp. 169 - 193 |
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Main Authors | , |
Format | Journal Article |
Language | English |
Published |
Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas
01.03.2017
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Summary: | Resumo Os diferentes contextos e usos de moedas sociais no cenário nacional e internacional têm estimulado estudiosos a buscar compreender as especificidades de cada experiência. A moeda social mais conhecida no Brasil, a Palmas, criada pelo Banco Palmas em Fortaleza, encontra- se atualmente em uma situação paradoxal: após quinze anos, sua circulação tem diminuído notavelmente entre os atores do território ao mesmo tempo que o consumo no bairro se mantém elevado. Neste trabalho investiga-se o circuito constituído pelo uso da Palmas para compreender seu fluxo no território e o progressivo processo de desuso. A reflexão sobre a experiência do uso da moeda social baseia-se, aqui, na noção de moeda da antropologia econômica e da teoria da dádiva. Para além da situação são propostas reflexões entendidas como pertinentes para pensar as moedas sociais dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) no país. As estratégias da pesquisa assumiram um caminho multimetodológico e estão resumidas em duas fases. A primeira consistiu numa imersão etnográfica no Banco Palmas em janeiro de 2012. A segunda fase consistiu no mapeamento detalhado do circuito monetário alternativo do território por meio da construção gráfica deste utilizando um software de análise de redes sociais. A reflexão delineada com base na investigação aponta para a construção de uma filosofia de uso das moedas sociais apoiada na confiança dos atores locais nas ações do Banco Palmas. No nível mais concreto, identifica-se que a manutençao do circuito tem ocorrido mais pela sua carga simbólica e política do que pela satisfação das necessidades econômicas.
Abstract The use of social currency in national and international contexts has encouraged scholars to understand its specificities. The most known social currency in Brazil -Palmas - created by Banco Palmas in Fortaleza, presents a paradoxical situation: after fifteen years, its circulation has significantly decreased within its territory while the consumption remains high. This article investigates the circulation of Palmas to understand its flow in the territory and its gradual reduction of use. The article reflects on this experience based on the notion of currency from economic anthropology and from the theory of the gift. The analysis here goes beyond the case of Palmas and present insights able to contribute to the debate on social currency of the Community Development Banks (CDBs) in Brazil as a whole. The research strategies were multi-methodological and can be summarized in two phases. The first phase was an ethnographic immersion in Banco Palmas in January 2012. The second phase was the mapping of monetary circulation in the territory (network analysis tools were used). The results from this research indicate the construction of a philosophy of the use of social currencies by CDBs. The use of the social currency is supported by the confidence of local actors in the actions of Banco Palmas. On a more concrete level, it was identified that the circulation maintenance depends more on symbolic and political senses than on the satisfaction of economic needs.
Resumen Los diferentes usos de la moneda social en los contextos nacionales e internacionales han estimulado a los estudiosos a intentar comprender sus especificidades. La moneda social más conocida en Brasil -denominada Palmas y creada por el Banco Palmas, en Fortaleza- presenta actualmente una situación paradójica: después de quince años, su circulación se ha reducido significativamente dentro del territorio, mientras que el consumo en general se mantiene alto. Este trabajo investiga el circuito constituido por el uso de la moneda Palmas para entender su flujo en el territorio y el proceso gradual de desuso. La reflexión sobre la experiencia del uso de la moneda social se basa, aquí, en la noción de moneda de la antropología económica y de la teoría de la dádiva. Más allá de la descripción de la situación, se proponen reflexiones pertinentes a las monedas sociales de los bancos de desarrollo local (BCD - Bancos Comunitários de Desenvolvimento) en Brasil. Las estrategias de investigación fueron multimetodológicas y pueden resumirse en dos fases. La primera consistió en una inmersión etnográfica en el Banco Palmas, en enero de 2012. Y la segunda, en el mapeo detallado del circuito monetario alternativo en el territorio (con la utilización de un software de análisis de redes sociales). Los resultados de esta investigación indican la construcción de una filosofía de utilización de las monedas sociales apoyada en la confianza de los actores locales en las acciones del Banco Palmas. En un nivel más concreto, se identificó que el mantenimiento del circuito depende más de su peso simbólico y político que de la satisfacción de las necesidades económicas. |
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ISSN: | 1679-3951 1679-3951 |
DOI: | 10.1590/1679-395141258 |