Do psíquico ao somático: notas sobre a reconfiguração do self contemporâneo

Resumo O artigo examina a passagem de uma compreensão psicológica da pessoa para uma compreensão somática/cerebral. A discussão centra-se na dualidade que marca a cultura ocidental moderna, entre a visão iluminista e racionalista do mundo e a visão chamada de romântica. Busca demonstrar como o fisic...

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Published inHistória, ciências, saúde--Manguinhos Vol. 24; no. suppl 1; pp. 157 - 169
Main Author Russo, Jane
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published 2017
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Summary:Resumo O artigo examina a passagem de uma compreensão psicológica da pessoa para uma compreensão somática/cerebral. A discussão centra-se na dualidade que marca a cultura ocidental moderna, entre a visão iluminista e racionalista do mundo e a visão chamada de romântica. Busca demonstrar como o fisicalismo sustenta-se em uma reconfiguração da “tensão inarredável”, referida por L.F. Duarte, entre essas duas visões. Parte de exemplos nos quais intervenções biotecnológicas se articulam a forte investimento afetivo e emocional de experiências corporais, propõe a noção de um “vitalismo” contemporâneo, no qual a categoria “vida” é entendida como algo que, embora ancorado na materialidade biológica, a ultrapassa, articulando-se a categorias fluidas como “felicidade” e “bem-estar” ou a sentimentos e emoções pouco passíveis de definição objetiva. Abstract This exploration of the shift from a psychological understanding of the self to a somatic/cerebral one centers on the duality between the Enlightened, rationalist worldview and the so-called Romantic worldview, characteristic of modern Western culture. The discussion seeks to show how physicalism draws support from a reframing of what L.F. Duarte has called a “relentless tension” between these two worldviews. It finds basis in examples where biotechnological interventions are linked to heavy affective, emotional investment in bodily experiences and puts forward the notion of a contemporary “vitalism,” where the category “life” is understood as something that, while anchored in biological materialism, moves beyond it, meshing with fluid categories like happiness and well-being or with feelings and emotions that resist objective definition.
ISSN:0104-5970
1678-4758
DOI:10.1590/s0104-59702017000400011