Sanção Em Fonoaudiologia: Um Modelo De Organização Dos Sintomas De Linguagem

Este artigo tem como objetivo apresentar o esboço de um modelo de organização dos sintomas em Fonoaudiologia, no quadro de uma hipótese de multiestratificação lingüística do inconsciente. Postulamos que os sintomas de linguagem pertencem a uma estrutura complexa de múltiplos estratos e interestratos...

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Published inCadernos de Estudos Lingüísticos Vol. 53; no. 1
Main Authors Gouvêa, Gisele, Regina Maria Ayres De Camargo Freire, Christian Ingo Lenz Dunker
Format Journal Article
LanguageEnglish
Portuguese
Published Campinas Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, IEL - Cadernos de Estudos Linguísticos 07.06.2011
Universidade Estadual de Campinas
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Summary:Este artigo tem como objetivo apresentar o esboço de um modelo de organização dos sintomas em Fonoaudiologia, no quadro de uma hipótese de multiestratificação lingüística do inconsciente. Postulamos que os sintomas de linguagem pertencem a uma estrutura complexa de múltiplos estratos e interestratos sucessivos e superpostos que operam por contradição, oposição e diferença. Esta estrutura contém os intervalos espaciais, temporais e lógicos da linguagem, formando uma espécie de grade topológica dividida esquematicamente nos eixos horizontais - escrita, língua e fala - em relação aos eixos verticais - sujeito, Outro, metáfora e metonímia. Nossa hipótese é de há que um meta-procedimento, presente na clínica fonoaudiológica de modo constitutivo e característico, a que chamamos de sanção. Traduzir, transcrever e transliterar são formas diferentes de sancionar um sintoma de linguagem. Observamos que os sintomas de linguagem, embora emergindo predominantemente em um sobre os outros eixos, criam uma desarmonia de todo o sistema. Esta desarmonia é própria do funcionamento ordinário da linguagem. Os sintomas de linguagem são apenas exagerações ou restrições deste processo. Isto posto, isolamos o eixo da escrita como aquele que sustenta primariamente a tipologia proposta, ou seja, seria na relação sujeito falante-escrita que se constituiriam os tipos clínicos. Assim, se o sintoma de fala, por sua estrutura de sanção, responde à estratégia de tradução, teríamos um tipo clínico que levaria ao privilégio de uma estratégia no manejo terapêutico. Isto porque supusemos que a mudança no manejo da sanção impõe outros modos à estrutura de funcionamento da linguagem. O segundo tipo responderia à estratégia da transcrição e, o terceiro, à estratégia da transliteração. Concluímos que esta proposta está sujeita à validação, tanto pela experiência clínica como pela contra argumentação teórica. Mas nos parece um caminho promissor que poderá dotar a práxis fonoaudiológica de um estatuto clínico, tornando-a singular.
ISSN:0102-5767
2447-0686
DOI:10.20396/cel.v53i1.8636541