Prioridades em cuidados de saúde: o “jovem” e o “idoso”

Alguns filósofos e segmentos do público pensam que a idade é relevante para o estabelecimento de prioridades na assistência à saúde. O argumento construído para discorrer sobre essa questão é baseado na equidade: pacientes “idosos” tiveram um bem mais relevante do que pacientes “jovens” ou o suficie...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published inEthic@ Vol. 22; no. 3; pp. 1089 - 1110
Main Authors Machado, Mario Filho, Davies, Ben
Format Journal Article
LanguagePortuguese
English
Published Universidade Federal de Santa Catarina 11.03.2024
Subjects
Online AccessGet full text

Cover

Loading…
More Information
Summary:Alguns filósofos e segmentos do público pensam que a idade é relevante para o estabelecimento de prioridades na assistência à saúde. O argumento construído para discorrer sobre essa questão é baseado na equidade: pacientes “idosos” tiveram um bem mais relevante do que pacientes “jovens” ou o suficiente desse bem e, portanto, têm reivindicações mais fracas de tratamento. Esse artigo, num primeiro momento, observa que algumas das discussões sobre prioridade baseada na idade que se concentram no binômio pacientes idosos e jovens, exibem uma ambiguidade entre duas reivindicações: que os pacientes classificados como idosos devem ter baixa prioridade, e que os pacientes classificados como jovens devem ter alta prioridade. A seguir, o autor argumenta, com base em um problema levantado por Christine Overall, que a equidade não pode justificar dar-se baixa prioridade aos pacientes “idosos”, uma vez que há grande variedade em relação ao tempo de vida e as experiências vividas por pessoas mais velhas, parcialmente influenciadas pela injustiça de gênero, raça, classe, e necessidades especiais. Por fim, o autor sugere que pode haver um papel limitado para a priorização com base na idade no contexto referente a morte na infância, já que aqueles que morrem nessa etapa da vida estão sempre e, incontroversamente, entre os em pior situação. Some philosophers and segments of the public think age is relevant to healthcare priority-setting. One argument for this is based in equity: “Old” patients have had either more of a relevant good than “young” patients or enough of that good and so have weaker claims to treatment. This article first notes that some discussions of age-based priority that focus in this way on old and young patients exhibit an ambiguity between two claims: that patients classified as old should have a low priority, and that patients classified as young should have high priority. The author next argues, drawing on a problem raised by Christine Overall, that equity cannot justify giving “old” patients low priority, since there is wide variety in the total lifetime experiences of older people, partly influenced by gender, race, class, and disability injustice. Finally, the author suggests that there might be a limited role for age-based prioritization in the context of infant and childhood death, since those who die in childhood are always and uncontroversially among the worst-off.
ISSN:1677-2954
1677-2954
DOI:10.5007/1677-2954.2023.e98379