PULSOS EROSIVOS E RESPOSTA MORFODINÂMICA ASSOCIADA A EVENTOS EXTREMOS NA COSTA LESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O litoral do Rio de Janeiro foi atingido, nos últimos 15 anos, por duas tempestades excepcionais. A primeira em Maio de 2001 e a segunda em Abril de 2010. A primeira provocou erosão pronunciada na orla costeira voltada para o sul, isto é entre o Cabo Frio e a Marambaia, enquanto a segunda teve esse...

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Published inRevista brasileira de geomorfologia Vol. 16; no. 3
Main Authors Muehe, Dieter Carl Ernst Heino, Lins-de-Barros, Flávia, Oliveira, Júlio Fernandes de, Klumb-Oliverira, Leonardo
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published União da Geomorfologia Brasileira 30.09.2015
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Summary:O litoral do Rio de Janeiro foi atingido, nos últimos 15 anos, por duas tempestades excepcionais. A primeira em Maio de 2001 e a segunda em Abril de 2010. A primeira provocou erosão pronunciada na orla costeira voltada para o sul, isto é entre o Cabo Frio e a Marambaia, enquanto a segunda teve esse efeito no litoral leste do estado a norte do Cabo Frio devido à direção de incidência das ondas que em vez de sul sul-sudeste, mais comum, vieram de sudeste. No presente trabalho é apresentada uma análise do comportamento morfodinâmico da orla costeira a norte dos cabos Frio e Búzios, mais especificamente das praias do Peró, Tucuns, Barra de São João e Rio das Ostras (Abricó), antes e após a tempestade de abril de 2010 abrangendo períodos de até 17 anos em Barra de São João (1996 a 2013) a um mínimo de 7 anos (2007 a 2014) na praia do Peró. O clima de ondas de sudeste, para os últimos 30 anos (1981 a 2011), foi obtido por meio de reanálise dos ventos com filtragem posterior para ondas com altura superior a 3 m e 3,5 m consideradas, neste trabalho, como representativas de ressacas excepcionais. Os resultados mostram que esses eventos extremos correspondem efetivamente aos eventos erosivos encontrados, cuja ocorrência se dá numa frequência muito baixa, permitindo a recuperação do estoque de sedimentos da praia e da base das dunas frontais, com exceção da Praia do Abricó em Rio das Ostras, que apresenta uma tendência histórica de déficit no balanço sedimentar. Para o período do clima de ondas analisado não foi identificada uma tendência de aumento da recorrência, principalmente para ondas de altura superior a 3,5 m. A menor frequência de ocorrência de eventos extremos, quando comparado com outros segmentos, mais expostos, do litoral do Rio de Janeiro, se deve à proteção às ondas de sul e sul-sudoeste exercido pela orientação da linha de costa e da sombra exercida pelo Cabo Frio e Cabo Búzios. Isto resulta num clima de ondas limitado a uma faixa de direção de incidência de menor recorrência quando comparado com as áreas não protegidas. Relações entre eventos de El Niño e La Niña com tempestades extremas sugerem uma discreta relação de anos de La Niña com estas ocorrências. Não obstante a elevada resiliência da maioria das praias analisadas, a identificação, para o litoral do Atlântico Sul Oriental, de uma tendência de aumento de altura das ondas, especialmente das ondas mais altas, reforça a necessidade de implantação de uma faixa de não edificação conforme previsto no Projeto Orla do Ministério do Meio Ambiente.
ISSN:1519-1540
2236-5664
DOI:10.20502/rbg.v16i3.728