Leishmaniose Visceral em Doentes com Infeção VIH: O Desafio da Recaída e Falência Terapêutica

Introdução: A leishmaniose visceral é uma infeção disseminada endémica, considerada a terceira infeção parasitária oportunista mais frequente na Europa. É mais prevalente nos doentes co-infetados por vírus da imunodeficiência humana, em que acarreta um grande desafio terapêutico pelo risco acrescido...

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Published inActa médica portuguesa Vol. 30; no. 6; pp. 443 - 448
Main Authors Cipriano, Patrícia, Miranda, Ana Cláudia, Antunes, Isabel, Mansinho, Kamal
Format Journal Article
LanguageEnglish
Published 30.06.2017
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Summary:Introdução: A leishmaniose visceral é uma infeção disseminada endémica, considerada a terceira infeção parasitária oportunista mais frequente na Europa. É mais prevalente nos doentes co-infetados por vírus da imunodeficiência humana, em que acarreta um grande desafio terapêutico pelo risco acrescido de recaída. O objetivo do estudo é a caraterização de uma população co-infetada e da eficácia dos esquemas terapêuticos.Material e Métodos: Estudo retrospetivo de uma amostra seleccionada de todos os doentes com leishmaniose visceral e infeção pelo vírus da imunodeficiência humana internados num período de 10 anos num serviço de Infeciologia.Resultados: Foram incluídos 23 doentes co-infetados, dois do sexo feminino (8,7%). A contagem média de células TCD4+ à data do diagnóstico da leishmaniose visceral foi de 104,4 cels/uL (± 120,3 cels/uL), apenas dois doentes tinham carga viral indetetável (< 20 cópias/mL) e 16 (69,6%) não cumpriam terapêutica antirretroviral à data do diagnóstico. Como terapêutica optou-se por anfotericina B lipossómica em 18 doentes, antimoniato de meglumina em quatro e miltefosine num caso. Catorze (60,9%) aderiram a esquema de profilaxia secundária. Verificou-se uma taxa de recaída de 26,1% (seis doentes).Discussão: A co-infeção leishmaniose-vírus da imunodeficiência humana está associada a maior taxa de falência terapêutica e recaída, sendo a contagem de células TCD4+ o principal fator preditivo de recaída e o cumprimento de esquemas de quimioprofilaxia inequívoco na redução da mesma. A terapêutica combinada com anfotericina B lipossómica e miltefosine regista taxas de falência inferiores ao esquema clássico.Conclusão: Conclui-se que esquemas alternativos e combinados parecem ser uma alternativa nesta população.
ISSN:0870-399X
1646-0758
DOI:10.20344/amp.8291