Correspondência espacial entre a suinocultura intensiva e a incidência de COVID-19 nos EUA, Brasil e Alemanha
A imprensa internacional tem noticiado a ocorrência de surtos de contaminação por Covid-19 entre trabalhadores da produção de carnes, especialmente a de suínos, em diferentes localidades de países como os Estados Unidos, o Brasil e a Alemanha. Apesar da possibilidade de transmissão do vírus, tanto d...
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Published in | Confins : revue franco-brésilienne de géographie Vol. 52 |
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Main Authors | , , |
Format | Journal Article |
Language | English |
Published |
Confins
2021
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Subjects | |
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Summary: | A imprensa internacional tem noticiado a ocorrência de surtos de contaminação por Covid-19 entre trabalhadores da produção de carnes, especialmente a de suínos, em diferentes localidades de países como os Estados Unidos, o Brasil e a Alemanha. Apesar da possibilidade de transmissão do vírus, tanto de animais para humanos, como o contrário, ainda não ter sido confirmada pelas organizações epidemiológicas de saúde e serem negadas pelas empresas e agências reguladoras, também são raras as pesquisas relacionadas a esta temática, e é praticamente inexistente a testagem em animais submetidos à criação intensiva. Por outro lado, diversos pesquisadores têm indicado que determinadas semelhanças no sistema respiratório e gastrointestinal de animais e humanos, especialmente no caso dos porcos, podem favorecer a possiblidade de transmissão interespecífica do vírus.A partir de tais questionamentos e utilizando-se técnicas da cartografia temática, essa pesquisa teve como objetivo principal identificar e analisar uma possível correspondência na distribuição espacial entre as taxas de contágio de Covid-19 e os dados de produção de suínos nestes três países. Para tanto, foram obtidos, classificados, relacionados, analisados e representados na forma de mapas temáticos, os dados de contágio de COVID-19 (até junho de 2020) e de produção de suínos nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil. Países que se caracterizam por estarem entre os maiores produtores de carne suína do mundo, assim como, ao menos Estados Unidos e Brasil, estão entre os que têm apresentado as maiores taxas de contágio pelo novo coronavírus.Como resultado foi possível identificar uma evidente correspondência na distribuição espacial destes dados nos três países, indicando a necessidade urgente de maior investigação e monitoramento in loco por parte dos órgãos de vigilância sanitária e das empresas produtoras do setor.
La presse internationale a fait état de l’apparition de foyers de contamination par le Covid-19 chez des travailleurs de la production de viande, notamment de porc, dans différentes localités de pays comme les États-Unis, le Brésil et l’Allemagne. Bien que la possibilité de transmission du virus, tant de l’animal à l’homme que le contraire, n’ait pas encore été confirmée par les autorités de surveillance épidémiologique et soit réfutée par les entreprises et les agences de régulation, les recherches liées à ce sujet sont rares, et les tests pratiqués sur les animaux soumis à l'élevage intensif sont pratiquement inexistants. D’autre part, plusieurs chercheurs ont indiqué que certaines similitudes dans les systèmes respiratoire et gastro-intestinal des humains et des animaux, notamment dans le cas des porcs, pourraient favoriser la possibilité d’une transmission interspécifique du virus.Partant de telles problématiques et à l’aide des techniques de cartographie thématique, cette recherche visait à identifier et analyser une éventuelle corrélation dans la distribution spatiale entre les taux d’infection par Covid-19 et les statistiques d’élevage porcin dans ces trois pays. À cette fin, des statistiques d’infection parCOVID-19 (jusqu’en juin 2020) et des données de l´élevage porcin aux États-Unis, en Allemagne et au Brésil, ont été obtenues, classées, mises en corrélation, analysées et représentées sous forme de cartes thématiques. Les pays qui comptent parmi les plus grands producteurs de porc au monde, ainsi que - du moins - les États-Unis et le Brésil, se distinguent parmi ceux qui ont présenté les taux les plus élevés d’infection par le nouveau coronavirus.En conséquence, il a été possible d’identifier une corrélation dans la distribution spatiale de ces données dans les trois pays, ce qui signale le besoin urgent d’une enquête plus approfondie et d’un suivi in loco de la part des autorités de surveillance sanitaire et les entreprises productrices du secteur.
The international press has reported the occurrence of contamination outbreaks by Covid-19 among meat production workers, especially pigs, in different locations in countries like the United States, Brazil and Germany. Despite the fact that the possibility of transmitting the virus, both from animals to humans, and vice versa, still has not been confirmed by health epidemiological organizations and is denied by companies and regulatory agencies, research related to this theme is also rare, and the testing in animals submitted to intensive husbandry practically does not exist. On the other hand, several researchers have indicated that certain similarities in the respiratory and gastrointestinal systems of animals and humans, especially in the case of pigs, may favour the possibility of interspecific virus transmission. Based on such questionings and utilising human geography methods and thematic cartography techniques, this research aimed at identifying and analysing a possible correspondence in the spatial distribution between the Covid-19 contagion rates and the pig production data in these three countries. For that, COVID-19 contagion data (up to June 2020) and pig production in the United States, Germany and Brazil were obtained, classified, related, analysed and represented in the form of thematic maps. Countries that are characterized by being among the largest pork producers in the world, as well as, at least the United States and Brazil, are among those that have presented the highest contagion rates by the new coronavirus.As a result, it was possible to identify an evident correspondence in the spatial distribution of these data in the three countries, indicating the urgent need for further investigation and on-the-spot monitoring by the health surveillance agencies and the producing companies of the sector. |
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ISSN: | 1958-9212 1958-9212 |
DOI: | 10.4000/confins.40597 |